sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Deficientes ou lutadores eficientes?

Ontem no meu colégio, assisti a uma palestra , em que os intervenientes eram Mário Cardoso, seleccionador nacional de natação adaptada, e David Grachat, nadador que participou nos Jogos Paraolímpicos de Pequim e nos Mundiais de África do Sul.
Foi curioso ver como todos os que assistiam à palestra ficaram tão atentos. Isto porque se calhar perceberam, que apesar da deficiência que o David tem ele é um lutador. Um lutador e um vencedor.
Quando pensamos em pessoas com deficiências físicas, vem-nos sempre à ideia que são muito "dependentes" dos que os rodeiam, pensamos também que talvez não consigam atingir as metas que as pessoas ditas "normais" atingem. Mas há uns tempos que tenho percebido que não é bem assim, amigos meus já me tinham falado do David e de outros colegas dele, mas ontem percebi que apesar de ter uma má formação congénita da mão, ele consegue ser feliz, consegue atingir os seus objectivos, tem força para correr atrás dos seus sonhos, força essa que muitos de nós não temos. quantos de nós nos levantaríamos às 5h da manha para treinar, passávamos o dia inteiro na escola e depois voltávamos a treinar...poucos de certeza.
O David atingiu o topo do desporto adaptado, levou o nome do país além fronteiras, e uma das expressões que me ficaram no ouvido, foi ele dizer que obteve o 6º lugar nos jogos Paraolímpicos, mas que o 6º lugar lhe soube a ouro, só o estar presente nos jogos já foi uma vitória. E realmente dá que pensar, uma pessoa que trabalha 4 ou mais anos para atingir um objectivo, quando o atinge, independentemente do resultado já se sente um vencedor.
Houve uma coisa que disse que me tocou particularmente, "tenho uma relação de pai e filho com o meu treinador", e tocou-me porque durante dois anos, fui acompanhada pelo mestre Manuel de Sousa, que infelizmente já partiu de entre nós, mas esteja onde estiver sabe o que lhe devo, e sabe as saudades que sinto dele.
Foram apenas dois anos, em que passava com ele cerca de duas horas às 3ª e 5ª, mas eram horas onde sentia da parte dele, um apoio incondicional. Fiquei a admirá-lo, ficou e ficará para sempre guardado no meu coração, não apenas como mestre mas também como amigo.
Quero felicitar o David e todos os seus colegas, pelo que têm feito por Portugal.
Quero agradecer-lhes por honrarem o meu país, por terem a força que têm.
E lá nos encontramos dia 26 de Março no Colégio Santo André ;)

1 comentário:

  1. Estou boquiaberta com este texto ! Conseguiste transmitir muito bem a mensagem que muitos de nós ignoramos-os deficientes não são menos felizes que nós !
    Belo texto querida !
    Não somos todos iguais, somos todos diferentes e, cada uma tem de aceitar não só as próprias diferenças como as diferenças dos outros!
    Beijinhos

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